domingo, 26 de fevereiro de 2012

O poder do júri

Uma das matérias que mais gosto é Psicologia jurídica. Além de viajar um pouco nessas aulas, dá pra entender muita coisa sobre a mente humana e a importância de um bom psicólogo em julgamentos. Os psicólogos ajudam a entender o porquê de um acusado ter cometido o crime, por exemplo. E não é só isso, auxiliam na escolha dos jurados (analisando quem é propenso a votar a favor ou contra), questiona comportamentos e pode - através de técnicas - dizer se alguém está mentindo ou não.

Embora ainda seja pouco aceita na área do Direito, a psicologia tem grande importância. Isso deve ser visto pelos operadores do direito, que só tem a ganhar com o auxílio de psicólogos. No filme O Júri, fica claro o auxílio que esses profissionais são capazes de dar. E aproveitando que a minha professora passou esse filme pra turma assistir, é dele que falarei hoje.

Como todo filme longo (duração de um pouco mais que duas horas) que assisto, comecei com um pé atrás com esse também. No início as coisas não são claras, mas com poucos minutos, já entende-se o desenrolar da história. Tudo começa em uma empresa, onde um executivo e outras dez pessoas são assassinadas. O executivo era um pai de família, e acaba deixando para trás sua mulher e filho, em quanto isso, o assassino, logo após dar fim na vida de suas vítimas, suicida-se com a mesma pistola automática usada no crime.

Wendell
Ocorre uma passagem de dois anos. E eis que surge Nicholas Easter (Nick), aparentemente, um cara normal, sem grandes intenções ou planos. Nesse mesmo período, a viúva do executivo assassinado anos atrás, resolve processar a indústria de armas pela morte do seu marido, e o advogado Wendell Rohr (acessorado por um psicólogo), irá ajudá-la nessa empreitada. Já do lado da defesa, nos temos o advogado Durwood Cable, que tenta provar que a industria de armas não tem nada haver com a morte daquelas dez pessoas, uma vez que o verdadeiro culpado já está morto.

Além de Durwood, temos também na defesa, o consultor jurídico Ranklin Fitch, que é na verdade quem comanda a defesa. Fitch é especialista em casos jurídicos, não perdera um sequer (ele analisa, investiga e estuda  cada um dos jurados e envolvidos no processo, e se preciso for, faz o uso de esquemas ou suborno). Tudo corre muito bem, até que Nick, mostra a que veio. Na verdade desde o início ele arma para conseguir ser jurado nesse caso, sua verdadeira intenção é conseguir subornar os advogados e tentar arrancar dinheiro dos mesmos, dizendo que, se a quantia pedida não for paga, convencerá os demais jurados a votarem ao seu gosto, junto com sua namorada Marlee, começo o "jogo" com a defesa e acusação.


E a partir daí vemos um verdadeiro duelo de titãs. De um lado temos Wendell, tentando ser honesto e não ceder o suborno, e do outro Fitch tentando por fim a vida de Nick e Marlee ( o que automaticamente, facilitaria o ganho dos votos dos jurados).

Como planejado, Marlee, encontra cada um dos advogados, e diz seu preço; dez milhões de dólares (não negociáveis) ou se não, Nick (infiltrado no corpo de jurados) influenciaria a decisão dos demais. Com o decorrer do julgamento e a crescente ascensão da defesa, Wendell pensa em ceder e pagar o preço estipulado para garantir a vitória, em quanto isso a tentativa de por fim na vida de Nick e Marlee por Fitch, dá errado.

No fatídico dia do veredito, Fitch, preocupado com o que poderia acontecer, resolve ceder e deposita quinze milhões de dólares em uma conta (um vez que o preço já havia subido depois das tentativas de assassinato), e já Wendell, resolve não pagar e arriscar, preferindo manter-se honesto diante de tanta corrupção. Em paralelo, Fitch havia mandando um de seus homens ir descobrir quem eram Marlee e Nick e porquê estavam ali, subornando-o. O capanga consegue descobrir, porém, tarde demais.

A irmã gêmea de Marlee e outros estudantes, haviam sido assassinados por um estudante que também portava uma arma da mesma indústria, e graças a fitch, sua mãe e todas as famílias das vítimas, processando a industria de armas, haviam perdido o caso. O que Marlee queria na verdade, era (além da vingança) conseguir algum dinheiro como forma de indenização para essas famílias.

Com o dinheiro devidamente depositado, Marlee comunica o fato a Nick, que convence os jurados, de quê, mesmo o assassino já estando morto, a industria de armas é sim culpada pela morte do executivo, porque a industria não avaliara os seus compradores e facilitava o seu uso indevido (como não deixando digitais na arma). Desta forma, a acusação ganha, fazendo com quê Fitch, além de perder o caso, perca o dinheiro. E ainda obrigando a indústria de armas a pagar uma indenização de 1 milhão de dólares e danos gerais de 110 milhões de dólares à viúva.

Realmente um bom filme. E me fez pensar em vários aspectos e assuntos, como por exemplo a culpabilidade da indústria nesse caso, uma vez que não foi ela que matou ninguém, mais forneceu o "meio" para que o assassinato ocorresse. Bom, mesmo vendo por esse ângulo, na minha opinião, não acho que a industria deva ser responsabilizada, pois se assim fosse, quantos processos deveriam existir? Além do mais, na constituição norte-americana é permitido o porte de arma por qualquer cidadão (ou seja, embasando-se na lei, não vejo como se pode culpar a indústria, até porque seria impossível garantir que todos os seus clientes não são assassinos ou matadores de aluguel).

Vale à pena conferir o filme, ótimo elenco e atuação impecável de Gene Hackman, no papel de Fitch e Dustin Hoffman como Wendell Fohr (destaque para a cena do banheiro).

Bom, apesar de ter contado todo filme, recomendo que assistam. E obviamente, ler não é o mesmo que ver, então, corre lá.

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