segunda-feira, 4 de abril de 2016

Sátira da epopéia cotidiana


Maldita perspectiva. Quanto mais o tempo avança, menos tempo nós temos.

É melancólico demais pensar que as coisas podiam ser melhores se houvéssemos tomado a decisão X ou Y naquele momento que tivemos aquela oportunidade - por achar que não daria certo.
Àquela, que quando precisamos, finalmente estava lá -, mas que desperdiçamos.

'Ser' é tão difícil que às vezes a própria existência é cansativa. E existir cansa. Cansa ter que levantar todos os dias para trabalhar; cansa ter que preparar o almoço e ir ao supermercado; cansa precisar ir ao banco e ainda ir à faculdade. Cansa.

Cansa não ter o dinheiro ou sucesso que você imaginou que teria na idade que tem, e perceber que se ainda não o tem, provavelmente não terá. 

Quem faz algo grandioso depois dos 30?

Parecia tão fácil observar a perspectiva quando as coisas dependiam mais dos outros do que de você, ou quando ir aos compromissos como a escola eram as maiores preocupações. É exaustivo não ter o que se quer ou que se precisa e não poder vislumbrar um lugar melhor ao menos para se viver.

Degradante, é o fato de vir do pó e voltar ao pó sem nem ao menos ter saído dessa espiral de problemas, onde de fato, a gente só descansa, quando volta ao início, onde tudo começou.

A vida da gente, que era pra ser como uma epopeia; transmuta-se numa sátira daquilo que irremediavelmente não podemos mudar: Nunca seremos o que queremos ser e sempre vamos querer ser mais.


A vida é uma piada.

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